O presidente do Sindifisco Nacional, Kleber Cabral, classificou como inaceitável o suposto uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na elaboração de documentos para orientar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no caso das “rachadinhas”, além de recomendar o afastamento de Auditores-Fiscais da Receita Federal e sugerir a existência de um grupo criminoso dentro do órgão. O caso foi revelado nesta sexta (11) pela revista Época.
Por meio de nota encaminhada à imprensa, o Sindifisco apontou ser inadmissível que um que um órgão de governo, no caso a Abin, busque interferir num órgão de Estado, protegido pela Constituição Federal. “Caso se confirmem as informações divulgadas, o fato é inaceitável em todos os sentidos. Se não bastasse a gravidade de se ter uma agência de inteligência mobilizada para defender o filho do presidente da República, acusado de atos ilícitos, como a ‘rachadinha’ na Alerj, não se pode admitir que um órgão de governo busque interferir num órgão de Estado”, afirmou Kleber Cabral.
A manifestação do Sindifisco sobre o caso repercutiu em diversos veículos de comunicação, como o site da própria revista Época, o portal UOL, os jornais Valor Econômico e O Globo, além de canais do Grupo Globo.
A defesa do senador confirmou a autenticidade dos relatórios da Abin noticiados pela imprensa. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) negou a existência dos documentos.
Um dos relatórios elaborados pela Abin e citado pela reportagem sugere a demissão de “três elementos-chave” dentro do que chamaram de “grupo criminoso da RF [Receita Federal]”, que “devem ser afastados in continenti”.
Em outro documento obtido pela reportagem da Época, a Abin detalha o funcionamento da suposta “organização criminosa”, que, segundo suspeita dos advogados de Flávio, teria feito uma busca ilegal em seus dados fiscais para fornecer o relatório que gerou o inquérito das “rachadinhas”.
De acordo com o presidente do Sindifisco, caso as denúncias feitas pela imprensa sejam comprovadas sobre o uso da Abin, esse pode se configurar como o maior escândalo da República. “Ao estar a serviço de uma causa que não é republicana, a atuação da Abin passou de qualquer limite. A Receita Federal, diante do que vem sendo noticiado pela mídia, tem resistido às pressões políticas, tentativas de ingerência que precisam ter um fim imediato. É preciso de uma reação por parte do próprio órgão, do Congresso Nacional e da imprensa contra esse que pode se configurar no maior escândalo da República”, ressaltou Kleber Cabral.
Ainda na nota encaminhada à imprensa, o Sindifisco destaca que não há lógica em especulações que versam sobre a suposta participação da Corregedoria-Geral da Receita Federal (Coger) em possível investigação fiscal relacionada a Flávio Bolsonaro para fornecer o relatório que gerou o inquérito das “rachadinhas”.
“Não faz qualquer sentido ou lógica especular que na Coger (http://receita.economia.gov.br/noticias/ascom/2008/janeiro/corregedoria-da-receita-atua-no-combate-a-corrupcao/) – que tem como exclusiva e única missão apurar desvio funcional de servidores do órgão, teria havido algum tipo de iniciativa de investigação de natureza tributária sobre qualquer contribuinte. Não há nexo de causalidade sobre eventual desvio da corregedoria com a investigação do senador Fábio Bolsonaro”.
Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), foi denunciado por lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa pelo esquema conhecido como “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Ele é acusado de desviar dinheiro público dos salários dos servidores da Casa, no período entre 2007 e 2018, quando era deputado estadual.
Fonte: Jornalismo DEN
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